Namaste

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Folhetim: Dia Feliz!


Folhetim: Dia Feliz!

Por Elza Dalla Costa

Era meia tarde. A chuva, fininha, começou a cair das pesadas nuvens, que bailavam conduzidas com elegância pelo sopro do vento. Firulim, o pássaro contador de histórias, viu o papagaio Pito em uma frondosa árvore a observar algo que parecia tão distante...
Em suave revoada, Firulim pousou junto do amigo papagaio, pois estava curioso para saber o que ele lhe contaria, e perguntou:
- Olá, Pito! Qual será a nova história de hoje?
- Oi, amigo! Tenho uma muito legal, que foi narrada há muitos anos atrás. É uma parábola. Você sabe o que é uma parábola?
- Conte logo, amigo, que colecionarei mais essa...
Pito, que estava com nova plumagem, de cor azul turquesa, posicionou-se confortavelmente na curva de um dos galhos da árvore e narrou:
- Conta-se que há muitos e muitos anos havia um homem pobre que estava sentado à frente de uma porta e junto dele o seu melhor amigo, um velho cão...
Firulim estava curioso e interrogou:
- O homem tinha como melhor amigo um cão?!?
- Sim, ele era muito pobre e também não tinha família... sobrevivia com as migalhas que sobravam das mesas dos ricos...
- E o que o cão comia, Pito?
- Ah! Aí está a grande lição, meu amigo. O homem repartia tudo o que ganhava com seu amigo cão. Certo dia eles estavam com muita fome... o velho homem bateu à porta de alguém muito rico e pediu algo para comer, mas foi desprezado e nada recebeu. Resignado, continuou sua caminhada...
- Nossa! Que história triste! - comentou Firulim, preocupado. O papagaio continuou:
- O tempo passou... cada um semeou o que quis em seus dias... como a vivência no palco terreno é de lei natural, todos um dia partem para uma nova vida. Assim, o homem rico e o pobre também morreram.
- E aí, o que aconteceu, Pito?
- Aconteceu algo muito interessante... depois que o rico deixou a terra, estava muito triste e reclamava ajuda ao seu anjo protetor...
- Mas, como assim? O rico não estava feliz?
- Quem estava feliz e muito animado era o pobre...
- Não entendi... o pobre nada tinha e estava feliz?
- É isso que faz esta parábola tão interessante... perceber que o homem só possui em plena propriedade o que pode levar da Terra para o outro mundo. O que encontra quando nasce e deixa ao partir aproveita enquanto está na Terra...
Pito, que estava ouvindo muito atento, estava tentando entender:
- Então, a parábola diz que o pobre foi resignado em suas dores e o rico, que tudo tinha e não compartilhava com os que necessitavam de ajuda, se esqueceu dos bens morais. Ele acabou não levando em sua bagagem um dos bens mais preciosos... é isso mesmo?
- É, e diz mais: quando alguém vai a um país distante, levará em sua bagagem coisas úteis nesse país, não se preocupando com o que não lhe será útil. E que da mesma forma se deve proceder com a vida futura: levando a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais...
- Olha amigo Pito, adorei a nova história, vou repassar adiante...
Os dois pássaros, contadores de histórias, ficaram voando de galho em galho, embalados pelo vento que penetrava em suas sedosas penas e planejaram uma nova viagem além do mar...