Namaste

Seguir sempre sorrindo...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Nunca são as coisas mais simples


Nunca são as coisas mais simples
Nuno Júdice

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Na generalidade


Na generalidade
Sanders

Na generalidade, é claro, [as pessoas] representam o papel que a sociedade espera delas: casam, trabalham, têm filhos, fundam um lar, votam, tentam mostrar-se perfeitas e respeitar as leis. Mas cada uma delas - homems, mulheres, crianças - possui uma vida secreta da qual raramente falam e que quase nunca chegam a revelar. E esta vida secreta, para cada um de nós, encontra-se povoada de fantasias ardentes, necessidades incriveis e desejos sufocantes Que não são vergonhosos em si, mas que nos ensinaram a considerar como tal...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Folhetim: Dia Feliz!


Folhetim: Dia Feliz!

Por Elza Dalla Costa

Era meia tarde. A chuva, fininha, começou a cair das pesadas nuvens, que bailavam conduzidas com elegância pelo sopro do vento. Firulim, o pássaro contador de histórias, viu o papagaio Pito em uma frondosa árvore a observar algo que parecia tão distante...
Em suave revoada, Firulim pousou junto do amigo papagaio, pois estava curioso para saber o que ele lhe contaria, e perguntou:
- Olá, Pito! Qual será a nova história de hoje?
- Oi, amigo! Tenho uma muito legal, que foi narrada há muitos anos atrás. É uma parábola. Você sabe o que é uma parábola?
- Conte logo, amigo, que colecionarei mais essa...
Pito, que estava com nova plumagem, de cor azul turquesa, posicionou-se confortavelmente na curva de um dos galhos da árvore e narrou:
- Conta-se que há muitos e muitos anos havia um homem pobre que estava sentado à frente de uma porta e junto dele o seu melhor amigo, um velho cão...
Firulim estava curioso e interrogou:
- O homem tinha como melhor amigo um cão?!?
- Sim, ele era muito pobre e também não tinha família... sobrevivia com as migalhas que sobravam das mesas dos ricos...
- E o que o cão comia, Pito?
- Ah! Aí está a grande lição, meu amigo. O homem repartia tudo o que ganhava com seu amigo cão. Certo dia eles estavam com muita fome... o velho homem bateu à porta de alguém muito rico e pediu algo para comer, mas foi desprezado e nada recebeu. Resignado, continuou sua caminhada...
- Nossa! Que história triste! - comentou Firulim, preocupado. O papagaio continuou:
- O tempo passou... cada um semeou o que quis em seus dias... como a vivência no palco terreno é de lei natural, todos um dia partem para uma nova vida. Assim, o homem rico e o pobre também morreram.
- E aí, o que aconteceu, Pito?
- Aconteceu algo muito interessante... depois que o rico deixou a terra, estava muito triste e reclamava ajuda ao seu anjo protetor...
- Mas, como assim? O rico não estava feliz?
- Quem estava feliz e muito animado era o pobre...
- Não entendi... o pobre nada tinha e estava feliz?
- É isso que faz esta parábola tão interessante... perceber que o homem só possui em plena propriedade o que pode levar da Terra para o outro mundo. O que encontra quando nasce e deixa ao partir aproveita enquanto está na Terra...
Pito, que estava ouvindo muito atento, estava tentando entender:
- Então, a parábola diz que o pobre foi resignado em suas dores e o rico, que tudo tinha e não compartilhava com os que necessitavam de ajuda, se esqueceu dos bens morais. Ele acabou não levando em sua bagagem um dos bens mais preciosos... é isso mesmo?
- É, e diz mais: quando alguém vai a um país distante, levará em sua bagagem coisas úteis nesse país, não se preocupando com o que não lhe será útil. E que da mesma forma se deve proceder com a vida futura: levando a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais...
- Olha amigo Pito, adorei a nova história, vou repassar adiante...
Os dois pássaros, contadores de histórias, ficaram voando de galho em galho, embalados pelo vento que penetrava em suas sedosas penas e planejaram uma nova viagem além do mar...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A beleza de amar..



A beleza de amar

Será que amar tem uma definição?
Se analisar detalhadamente, digo que não!
Se analisar vagamente, digo que sim?
Se não analisar, deixo de amar?
Algo marcante deve atingir nosso interior, precisamente nosso sentimento,
de uma forma que englobe todo um proceder
...e que nos entalhe de uma forma irreversível.

...uns dizem: “amo você” de forma normal e até fria.
um substituto de um abraço,
um “até logo”
ou um simples beijo...

Outros usam a palavra numa forma atuante em formalidades:

“uns falam,
“eu também falo”.
Conheço hoje e amanhã digo que “amo”.
Conheço hoje e me despeço com um “amo você”.
Conheço hoje, o amanhã, o depois e nunca digo que amo,
Mas permaneço em união.
E o que dizer quando afirmo “amo a deus sobre todas as coisas?”
Será que aí está uma forma diferente de amar?
Então diria: o “amor” tem várias interpretações ou definições.
Se eu me prendo ao visual de alguém, e depois digo que amo será que ali existe uma verdadeira afirmação?
E ao desenvolver esse relacionamento,
outros fatores irão me chamar à atenção
e não me despertará mais o sentido inicial?
Será que deixei de amar?
Usar uma palavra como o “amor” não pode generalizá-la. Devemos montar toda uma estrutura em análises e detalhes; em sentimento apurado, em memórias afirmadas.
Amar alguém requer um contexto de valores,
um somatório de qualidades,
um posicionamento desde o início, um alicerce firme e assentado.
Amar alguém e dizer que “a amo” tem que buscar esse “amor” não de fora para dentro e sim de dentro para fora.
Amar alguém tem que ver a beleza escondida no “eu” presente e jamais apagar esse sentimento com o passar do tempo.
Que venham os cabelos brancos,
que venha a flacidez do corpo,
que venham outros fatores oferecidos pela própria vida,
que venham todos esses vetores que iremos sempre dizer afirmativamente e seguramente: “eu amo você”.
Assim estaremos sempre presente em união,
enfrentando barreiras,
ultrapassando obstáculos,
vivendo em humildade, sem egoísmo, com altruísmo no mais puro sentido.
Se eu digo “amo” podes crer que meu amor foi montado em cima de toda uma definição correta.
Se eu digo que “amo”, vou amar sempre. Aconteça o que acontecer.
Se eu digo que “amo”, vou cumprir meu destino.
digo ao grande mestre:
“senhor, no amor que dedico a vós cede-me um pouco para que eu possa jamais deixar de amar.

mochiaro

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Onde você vê um obstáculo,


Onde você vê um obstáculo,


alguém vê o término da viagem
E o outro vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...


Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
Percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.

E que é inútil querer apressar o passo do outro,
A não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."


(Fernando Pessoa)
Fernando Pessoa

domingo, 10 de outubro de 2010

Mais Uma Vez


Mais Uma Vez
Renato Russo
Composição: Renato Russo, Flavio Venturini
Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei...

Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...

Tem gente que está
Do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar...

Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia
A gente aprende
Se você quiser alguém
Em quem confiar
Confie em si mesmo...

Quem acredita
Sempre alcança...

Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei...

Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...

Nunca deixe que lhe digam:
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos
Nunca vão dar certo
Ou que você nunca
Vai ser alguém...

Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia
A gente aprende
Se você quiser alguém
Em quem confiar
Confie em si mesmo!...

Quem acredita
Sempre alcança...(7x)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tu tens um medo


Tu tens um medo
Cecília Meireles

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Como se ama o calor e a luz querida


Como se ama o calor e a luz querida
Gonçalves Dias

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, — mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.
O que espero, cobiço, almejo, ou temo
De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas
Com quanto amor eu te amo, e de que fonte
Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo!
Esta oculta paixão, que mal suspeitas,
Que não vês, não supões, nem te eu revelo,
Só pode no silêncio achar consolo,
Na dor aumento, intérprete nas lágrimas

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eu não voltarei

Eu não voltarei
Juan Ramón Jiménez

Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.

Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.

Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.

E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.